quinta-feira, 5 de abril de 2012

Relatos de um Bar

Houve uma época em que a minha casa se chamava Taliesyn. Minha, da Buh e da Gabe. Nossa.
Nossa! Em meio a paredes coloridas, enfeitadas com quadros da mais pura estirpe dos gigantes 60's, assoalho, luz baixa, mesas e cadeiras de genuínas madeiras mostrando que voltar ao tempo é possível, foi belo.

Éramos três Pennylanes, carimbadas, trio ternura!

Conhecemos gente, apelidamos pessoas sem nome que também batiam ponto na caderneta, bebemos, rimos, dançamos. Apreciamos cenas inusitadas, danças contemporâneas, jogos de xadrez, jogos da verdade. Fizemos arte com bolachas de cerveja! Várias delas...devem existir ainda, ao menos na memória.

Venom, bebidinha infernal = R$ 2,50
Será que bebemos?  4 doses, 10 pila! Nunca soubemos a fórmula. Nunca ganhamos uma garrafa de Jack Daniels. Frustração. Me lembro do gosto peculiar, com notas de abacaxi (tinha abacaxi?)

Cai por terra, por vezes, no sofá vintage envolto na capa roxa, no baú (sim, abri o baú... tinha travesseiros e coberta para aninhar alguém), na mesa, na escada.

Podíamos ficar onde quiséssemos. Éramos livres para criar, éramos livres para ser. Presenciamos a subjetividade de cada ser e o respeito as diferenças alheias. Não julgávamos: riamos de situações. Estar certo era estar errado. Estar errado era o certo. Cada um e seus universos independentes.

Me perdi. Me encontrei. Me afastei. Me ajudaram a voltar. Conversei sobre morte (me chamaram de sábia, ganhei uma cerveja), sobre vida, sobre sexo. Quase casei o pica-pau com a cabeça de manequim (Ritinha o nome dela, confere?), mas me perguntaram lá pelas tantas se ela não seria muito cabeça para ele.

E foi assim: filosofias filosofais, cervejas, pastelão de camarão, pão McCartney, velas, fumaça.. all night long, all friday night, all satuday night live!

Música como entorpecente principal.



Nenhum comentário: